História Ilustrada - Alfa Romeo 164

Com tração dianteira, o 164 conquistou até os Alfistas mais puristas, seu design elegante é obra do Estúdio Pininfarina, no Brasil, o motor V6 Busso ficou marcado no imaginário de quem nos anos 90 desejou o sedã executivo italiano, tanto pela sua beleza, quanto pela sua bela sinfonia metálica.

Talvez a Alfa Romeo seja a marca automotiva que mais desperta tração, o Cuore Sportivo, como ficou conhecida sua grade, que traz elementos alusivos à cidade italiana de Milão, local de fundação da empresa no ano de 1910. Desde o início de suas operações, a Alfa passou por guerras e diversas crises, em 1986 após uma das tantas adversidades, a empresa passou a ser controlada pela Fiat, que detêm os direitos da marca até os dias atuais.

Em 1984, a Alfa Romeo deu início ao desenvolvimento de um novo sedã médio-grande, visando concorrer com a elite dos carros executivos europeus, entre os quais estavam Audi 100, BMW Série 5, Citroen XM e Opel Omega. O carro foi apresentado ao público no Salão de Frankfurt de 1987, o último Alfa desenvolvido antes da aquisição da marca pela Fiat, mesmo não sendo um projeto independente. A plataforma Tipo 4, daria origem ainda ao Fiat Croma, Lancia Thema e Saab 9000, cada um com seu próprio estilo de carroceria, o 164 era o mais arrojado e aerodinâmico de todos.

Não há ângulo ruim no 164, destaque para as belas e esguias lanternas traseiras. Imagem:autoevolution.com

Desenhado pelo estúdio Pininfarina, as linhas do 164 eram retilíneas, porém elegantes, da dianteira para a traseira uma linha ascendente com um forte vinco é uma das marcas mais evidentes do carro. Vincos estavam presentes também nas molduras laterais, para muitos alfistas, eram traços herdados da Ferrari Testarossa, assim como o spoiler no para-choque dianteiro, tal relação de estilo tem certa lógica, já que ambos foram desenhados em época próxima, pela mesma empresa. Na traseira, o destaque ficava por conta das lanternas, estreitas e que percorriam de um lado ao outro da tampa do porta-malas.

Outra novidade do modelo era a tração dianteira em um modelo grande, já utilizada nos Alfasud dos anos 70, seguido pelo 33, porém os médios 75 e 90 mantiveram a clássica configuração da Alfa Romeo, motor dianteiro e tração traseira, mas com a caixa de transmissão montada na traseira. Apesar do tamanho avantajado, com 4,55 metros de comprimento, 2,66 de entre eixos. 1,76 de largura e altura de 1,30 metro, seu consumo era elogiado, graças ao coeficiente aerodinâmico de apenas 0,30, mesmo pesando mais de 1300 kg.

No interior linhas retas e elegantes combinando com o exterior. Imagem: pinterest.com

O interior seguia as linhas retas e elegantes da carroceria, o painel era basicamente composto de linhas retas. Ao centro, muitos botões como era comum nos carros da época, inclusive com a opção de ar-condicionado de controle digital que dava ainda mais charme ao habitáculo. A instrumentação era completa, como pede todo bom Alfa Romeo, além das informações básicas, voltímetro e manômetro de pressão do óleo completavam o conjunto que contava também com luzes espias que alertavam nível baixo de fluídos, portas abertas, lâmpadas queimadas, dentre outras funções. Os bancos contavam com regulagens totalmente elétricas.

Em 1994, pequenas mudanças no visual, faróis com refletor duplo nas versões mais completas, com projetor para o facho baixo, os para-choques passavam a ser pintados na cor da carroceria, ou tom sobre tom,  recebiam também um pequeno friso cromado que também percorriam as molduras laterais que passavam a ser lisas. Outras mudanças menores também estavam presentes, como por exemplo, o escudo dianteiro um pouco maior.

164 Super de 1995, já com os pequenos retoques do ano anterior. Imagem: thegarage.com.br/

Beleza mecânica

O 164 não era apenas bonito por dentro e por fora, contando com 4 opções de motores, apenas as V6 chegaram ao mercado brasileiro, era um carro que rompia a barreira dos 200 km/h desde a versão básica. Um 4 cilindros em linha de 2 litros, 8 válvulas, aspirado, contando com 2 válvulas por cilindro, o Twin-Spark utilizava 2 velas por cilindro, com a potência de 146 cv e 19 kgfm de torque, era suficiente para levar o 164 aos 100 km/h em 9,9 segundos, a velocidade máxima era 204 km/h. Outro motor disponível para o modelo, é conhecido do brasileiro, o mesmo 2.0 Turbo projetado por Aurelio Lampredi, que equipou os os modelos FNM e Alfa Romeo brasileiros em sua versão aspirada. No Alfa eram 175 cv e 25 kgfm de torque, que abaixavam a aceleração de 0 a 100 km/h para 7,2 segundos, a velocidade máxima aumentava para 225 km/h.

A beleza do V6 Busso com seus dutos cromados. Imagem: garage-vecchio.ch

Em 1991, junto com a reabertura das importações, o 164 chegava ao Brasil já equipado com motor V6. O belo motor conhecido como V6 Busso, ficou famoso graças aos belos dutos cromados entre as bancadas de cilindros, com 3 litros de deslocamento, contava com 2 válvulas por cilindro, desenvolvendo 192 cv de potencia e torque de 25 kgfm, levando o sedã de 0 a 100 km/h em 8,7 segundos e a velocidade máxima de 230 km/h, além de produzir um belo ronco metálico. Em 1995, penúltimo ano de comercialização do 164 no brasil, chegava a versão 24 válvulas, a potência subia para 215 cv, o torque era elevado para 27,5 kgfm, o 0 a 100 km/h baixava para 8,1 segundos, com velocidade máxima de 240 km/h. Havia também opção pelo câmbio automático ZF de 4 velocidades.

164 QV de 1992, versão apimentada que não tivemos no Brasil. Imagem: http://youngtimercar.eu/

Outras 2 versões não desembarcaram no Brasil, a QV, Quadrifoglio Verde de 1992, que era equipada com motor 24 válvulas modificado para render 232 cv e 228,2 kgfm, com 0 a 100 km/h cumpridos em 7 segundos e velocidade máxima de 245 km/h. Em 1993, a versão passava a ser designada apenas Quadrifoglio, no mesmo ano a versão passava a contar com amortecedores com controle eletrônico.

Juntos com as novidades da Quadrifoglio, era lançada a 164 Q4. Com tração nas 4 rodas, utilizava um sistema de diferencial central de acionamento viscoso, que distribui a tração entre as rodas dianteiras e traseiras sob demanda, podendo inclusive chegar a 100% em ambos os eixos. Alguns itens eram exclusivos da versão, como o câmbio manual Getrag de 6 marchas, as rodas de 16 polegadas calçadas com pneus 205/55 e freios traseiros com discos ventilados. A capacidade do porta-malas caia de 504 para 410 litros, a redução acontecia devido ao sistema de tração, o peso chegava aos 1680 kg, o desempenho era um pouco prejudicado, a velocidade máxima era de 240 km/h e os 100 km/h chegavam em 7,5 segundos.

Com tração nas 4 rodas, a Quadrifoglio 4 era a única versão a receber de fábrica rodas de 16 polegadas. Imagem: classicdriver.com

Após 10 anos de produção, o 164 deixava o caminho livre para seu sucessor o 166, que não desembarcou no Brasil. O 164 marcou época, envelheceu muito bem e até hoje conta com fãs fiéis, apesar da Alfa Romeo ter retornado ao Brasil poucos anos após a compra da marca pela Fiat, em 2006 a marca encerrou as atividades de importação no país, nunca mais retornando e deixando os apreciadores da casa de Milão órfãos.



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